Baseada na obra homônima de Laurent Gaudé, Furacão apresenta Joséphine Linc Steelson, “uma velha negra de quase cem anos” que enfrenta sozinha a fúria do Katrina, furacão que devastou o sul dos Estados Unidos em 2005. Uma mulher marcada pela segregação racial cuja voz ecoa como um grito na cidade inundada e abandonada a própria sorte. Furacão é sobre o Katrina e suas vítimas, mas principalmente sobre o peso da desigualdade em momentos de tragédia.
No espetáculo, o teatro e a música se juntam num ato único, provocando um turbilhão que envolve o Katrina, as mudanças climáticas e o movimento antissegregacionista. A riquíssima cultura musical negra estadunidense (em particular, o blues) é a referência para a criação de uma linguagem cênica híbrida: o espetáculo apoia-se tanto no teatro como na música para exaltar a beleza comovente daqueles que, apesar de tudo, permanecem de pé.
Furacão obteve 7 indicações ao Prêmio APTR: direção, cenografia, iluminação, música, atriz protagonista, atriz coadjuvante e melhor espetáculo, recebendo os prêmios de melhor música e cenografia.
“A natureza já não suporta mais a nossa presença. Ela se torce e se contrai com raiva”.
GALERIA
FICHA TÉCNICA
Texto Laurent Gaudé
tradução Ana Teixeira
Direção e adaptação Ana Teixeira e Stephane Brodt
Elenco Josephine Link Steelson Sirlea Aleixo | Josephine jovem e cantora Taty Aleixo
Músico 1 Rudá Brauns
Músico 2 Anderson Ribeiro
Iluminação Renato Machado
Direção musical Stephane Brodt
Criação musical Rudá Brauns e Aderson Ribeiro
Cenário e figurino Ana Teixeira e Stephane Brodt
Operador de luz João Gaspary
Cenotécnica Beto de Almeida
Direção de produção Amok Teatro e Sonia Dantas
Assistente Administrativo Rafael Santos
Produção executiva Gabriel Garcia
Assistente de produção Lucas Petitdemange
Projeto gráfico Paulo Lima
IMPRENSA
CRÍTICA
“Reside neste ponto a originalidade maior do espetáculo: a construção de uma cena-música para oferecer um dos mais belos – se não for o mais belo – drama musical do teatro brasileiro.” (...) “Raras são as oportunidades aqui, hoje, para vivenciar uma peça de teatro tão artesanal, tão intensa e tão nobre. A direção de Ana Teixeira e de Stephane Brodt respira pesquisa e atenção profunda ao acabamento formal, consolida o perfil do Teatro Amok como teatro de artesanato requintado.”
“Taty Aleixo, uma cantora preta, de potência vocal descomunal, abre os serviços do espetáculo nos dizendo a que veio esse novo projeto do Amok Teatro, e preparando assim o terreno para recebermos mais um furacão avassalador da família Aleixo, sua mãe Sirlea, que interpreta a protagonista Joséphine Linc Steelson”.
“Em Furacão, sem esforço aparente, Sirlea Aleixo e Thalyssiane Aleixo marcam a história do nosso teatro com uma poderosa e apaixonada combinação entre excelência técnica e determinação artística. São duas das mais especiais artistas do teatro brasileiro contemporâneo, mesmo quando acompanhadas de dois artistas altamente magnéticos e carismáticos. (...) Uma das mais especiais apresentações do teatro brasileiro neste primeiro quarto de século.”
“Furacão”, mas pode rimar com “perfeição. (...) Estou aqui para descrever uma atuação do mais alto nível, ao menos para mim, um divisor de águas, pois tenho certeza que, a partir de agora, fica mais complexo não almejar uma atuação colossal como essa que julgo celestial, nos demais espetáculos que irei assistir. (...) Quanto à direção artística, posso resumir em uma palavra: competência!
“Por intermédio das sempre inventivas concepções direcionais de Ana Teixeira e Stephane Brodt, é feita uma releitura visceralizada desta obra do escritor e dramaturgo francês.
“A montagem de Furacão, da companhia carioca Amok Teatro, apresenta uma narrativa visual poderosa, onde a força do trágico se entrelaça à doçura da fábula para dar corpo à resistência de uma mulher negra diante da devastação. (...) A atuação de Sirlea Aleixo é um dos pilares emocionais do espetáculo. Sua interpretação de Joséphine Linc Steelson se torna um corpo vivo de memória e resistência. Com uma presença cênica impressionante, Aleixo constrói uma personagem que carrega o peso da segregação racial e da tragédia ambiental, mas sem se curvar ao desespero.
Furacão: impecável trabalho dramatúrgico sobre racismo ambiental
Sirlea, apresenta-nos o que eu identificaria como uma das mais impressionantes representações que pude ver ao vivo, num trabalho rigoroso que mistura um manancial de força e raiva, além dos pequenos e fundamentais detalhes de seus movimentos corporais que tornam absolutamente imagéticos e visíveis todo o seu transitar pela cidade, antes e após a tragédia.
“Tudo acontece sob o tapete mágico maravilhoso do blues, através dos músicos Rudá Brauns e Anderson Ribeiro, que nos mantém flutuando, e fazem a trilha sonora, e a base para o brilhante espetáculo. A direção de Ana Teixeira e Stephane Brodt é sem falhas. Do cenário, passando pela luz e o figurino, tudo é de um capricho único.”
A Cia Amok apresenta em Furacão um espetáculo de rara sensibilidade, no qual a força de uma mulher negra, Joséphine Linc Steelson, ressoa como um testemunho de um século de lutas e desilusões. (...) Furacão é um encontro entre teatro político e prazer estético, um espetáculo que homenageia a resistência feminina ao mesmo tempo que sublinha a força da ancestralidade.
“Já esperávamos encontrar mais um ótimo espetáculo com a grife de excelência desta renomada cia, entretanto, o que acontece nas tábuas deste teatro, nos arrebata. (...) A cena com Taty Aleixo interpretando Strange Fruit – canção imortalizada pela magistral Billie Holliday – e que condena o racismo americano, especialmente o linchamento de afro-americanos que ocorreu principalmente no sul dos EUA; é antológica!”
Há 25 anos, desde sua fundação, o “AMOK TEATRO” não vem fazendo outra coisa que não seja escrever, com tinta cada vez mais forte e indelével, o seu nome, como uma das melhores Cias. do TEATRO BRASILEIRO. A essa linda trajetória, “FURACÃO” vem se juntar, como um dos melhores espetáculos a que assisti neste pouco mais de meio ano de temporada carioca de 2023.
“Trata-se de um espetáculo pequeno (só no tamanho!) em relação às outras montagens de Teixeira e Brodt, mas grandioso em sua denúncia e na intepretação impressionante de Sirlea Aleixo. (...) Imperdível.”
“Sirlea Aleixo interpreta a mulher negra de 100 anos. Uma representação que nos prende desde o início com uma força magnética que nos emociona em todos os instantes em que está em cena. Sirlea Aleixo marca a dramaturgia paulista com sua bela e destacada presença no palco do Sesc Santana. Ela é brilhante. (...) As músicas, o texto e a interpretação formam um conjunto que impressiona pela forma harmônica com que passam a história de resiliência de uma mulher negra centenária, parecida com nossas avós e tias. (...) É uma grande página da dramaturgia negra em São Paulo, vale a pena prestigiar!”